segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Fotógrafos e fotógrafos

Em época de Instagram, qualquer um é fotografo. Verdade isso? Eu acredito que não...


Ao assistir, entediada, à timeline das redes sociais, a quantidade de fotos tiradas em frente ao espelho de pessoas usando roupas novas e fazendo caras bocas é assustadora. Os filtros amenizam aquilo que não aparenta muito bem. Se ainda não der certo, o desfoque salva, com certeza.
Fotos bonitas, sim. Mas onde fica a criatividade? A reflexão acerca do resultado final, as discussões sobre os elementos a ser considerados, a busca pela harmonia entre roupas, acessórios e demais elementos que conversam com o conceito da coleção são deixados de lado em prol da rapidez e do exibicionismo. Às vezes tenho a impressão de que aqueles cliques não passam de uma vontade louca de mostrar o poder aquisitivo de quem posta e uma felicidade forçada, independente do significado disso.
Não sou daquelas pessoas saudosistas ou nostálgicas, que sentem falta do que ouviu falar. Não estou aqui pra dizer que as novas maneiras de fotografas são todas erradas e que bom mesmo é usar filme preto e branco, foco manual e milhares de lentes. Só sinto falta daquilo que vivo, do que se refere à reflexão. Fotografar, assim como qualquer coisa na vida, não é só prática.
Apertar um botão de forma aleatória é fácil, difícil mesmo é estudar o funcionamento do equipamento, pensar em uma angulação interessante da imagem, ajustar os flashes para que não seja necessário gastar tanto tempo no tratamento de imagens. Difícil é conseguir se relacionar bem com os produtores de moda, dirigir uma modelo, entender o conceito da campanha e traduzir isso em imagem.
Viva os fotógrafos de fato, aqueles que pensam e respiram arte. Aqueles que se desdobram, saudosistas em relação ao filme fotográfico, que não desperdiçam os cliques. Que utilizam dos momentos de pesquisa e produção para mostrar da melhor forma possível aquilo que não se vê nas ruas, mas que inspira.
Moda não é pautada pelo preço da peça, muito menos pela falsa alegria que é transparecida. É pelo que rola nos bastidores, pela riqueza de detalhes e pela dedicação de quem busca aliar beleza e praticidade. Nos editoriais podemos sonhar, ver aquilo que talvez não usaríamos no dia a dia e pinçar, meio à tanta informação, algum elemento que nos chame a atenção.
Tenho medo do que isso tudo possa parecer, onde vamos chegar. Ao mesmo tempo, confio no profissionalismo. Não julgo  que haja uma forma certa e outra errada, apenas aposto no raciocínio, na capacidade que nos foi dada de pensar. O que eu espero dos editoriais de moda? Ousadia.

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